segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Origem e morte do castelo depende da moral e da religião da família nobre

Montreuil-Bellay
O castelo está intrinsecamente ligado a uma família. A família é a alma do castelo.

Tudo nele, grande o pequeno, carrancudo ou charmoso, é a manifestação do espírito de uma linhagem.

Como tantos deles ficaram abandonados e até viraram ruínas?

Quanto mais se procura, encontra-se quase infalívelmente o mesmo fato:a família que o criou e/ou habitou, previamente decaiu. As causas alegadas da decadência podem ser diversas: guerras, desastres naturais...

Porém, sempre se encontra uma grande e decisiva causa: a crise moral e religiosa da família nobre que foi a alma do castelo.

O acadêmico Jean d'Ormesson, de nobre origem, escreveu sobre a escalada dos prazeres, a infidelidade conjugal e a morte da vida em muitos castelos:


As concubinas tiveram na história de minha família e de seu enfraquecimento um papel comparável ao de Robespierre, de Darwin, de Karl Marx, das quintas-feiras negras de Wall Street, de Freud, de Rimbaud e de Picasso: elas abalaram um pouco mais algumas das colunas de nosso velho templo apodrecido.

Challain
Nunca meu avô disse-me uma palavra, nem a outra pessoa da família, creio eu, a respeito do que sucedia conosco. Eu me perguntava se ele compreendia o que se passava. Não estou certo. Mas ele sentia que a ordem tinha sofrido danos. E esses danos envenenaram os últimos dias de sua vida.

A liberdade dos costumes tinha tomado, um pouco misteriosamente, ares de destruição. A libertinagem passava lentamente para o lado da morte e do desespero.

Havia algo de tresloucado e de crepuscular em nossos prazeres ilícitos. Não era difícil perceber, sob a alegria e as trepidações, o gosto da fuga, da vertigem, a fascinação pelos torvelinhos, uma sede ardente de delírios.

Não era mais à volúpia que nos abandonávamos: era a todos os abismos do aniquilamento.

Nada se assemelhava tanto ao suicídio como as loucuras de pessoas enfadadas com o mundo e entregues aos prazeres proibidos, irremediavelmente ligados a uma situação econômica e social e à decadência política e moral. Vivíamos irritados numa civilização cansada. Cansada dela mesma, cansada de nós.

Mayenne
Enquanto nós nos enchafurdávamos na fruição duvidosa de todas as liberdades, outros se punham a dançar nas ruas, a passear de braços dados sob o sol de verão, a acampar nas praias e florestas, a descobrir o mundo ingênuo de cujo charme desgastado nós fugíamos: era o povo.

No horizonte já se anunciava o Front Populaire. E nós usávamos nossas últimas forças a renegar todas as regras que, tendo feito nossa grandeza, agora nos asfixiavam.

Víamos de modo obscuro que uma nova moral ia surgir e que não mais seríamos a classe dominante. Por isso nos lançávamos em nossa própria negação.

E meu avô, sozinho, abatido pelos anos e mais ainda pelo futuro, permanecia de pé, imóvel como uma estátua do Comandante despojado de todo prestígio, como a pedra testemunhante de uma moral ultrapassada.

(Fonte: Jean d'Ormesson, “Au plaisir de Dieu”, Ed. Gallimard, 1980, 626 páginas.)
Hoje, certas famílias nobres se perguntam se não é para enterrar esse liberalismo moral, assassino da família.




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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Vaux-le-Vicomte e sua inesquecível festa

Vaux-le-Vicomte


Nicolas Fouquet (Paris, 27 de janeiro de 1615 Pignerol, 03 de abril de 1683) foi visconde de Melun, Visconde de Vaux, marquês de Belle-Île, e todo-poderoso Superintendente de Finanças do rei Luis XIV.

Também foi protetor e padroeiro dos escritores e artistas.

Em 1653, ordenou a construção de um magnífico castelo em Vaux-le-Vicomte.

Reconstituição histórica para Natal, 2010
A propriedade inicial, em verdade, fora adquirida antes de sua nomeação como superintendente, e constava apenas de um velho palácio rodeado por terras não cultivadas.


Em 17 de agosto de 1661 o visconde ofereceu ao Rei Luís XIV uma festa suntuosa, com jatos de água, fogos de artifício, um banquete para 1.000 comensais.

Na ocasião foi interpretada a peça Fâcheux de Molière, composta especialmente para o evento.


Retrato de Nicolas Fouquet,
por Édouard Lacretelle
Luis XIV ficou desconfiado vendo tal esplendor na casa do ministro das Finanças, enquanto as arcas reais estavam vazias e começou a suspeitar da fonte de tanta riqueza.

Fouquet ofereceu Vaux-le-Vicomte ao rei como presente, mas a oferta só fez aumentar a desconfiança do rei.

Veja vídeo
Vaux-le-Vicomte:
rememoração de uma
festa histórica...
que deu na prisão
do ministro de Finanças
que a fez!


Ao contrário do que diz a historiografia tradicional, este celebração extravagante em Vaux-le-vicomte não foi a causa que motivou a prisão de Fouquet.

De fato, a real decisão já estava tomada, no entanto, a festa explica a determinação de Luis XIV em acabar com esse ministro esbanjador.

Fouquet foi deposto em 1661 e morreu na prisão.




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