segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Palácio de Rohan-Soubise em Paris: as torres dos príncipes da Lorena

Hotel de Rohan, torres do palácio dos príncipes de Lorena, Paris, castelos medievais
Os príncipes de Rohan são descendentes dos duques antigos da Bretanha. Os duques da Bretanha eram príncipes que casavam-se com reis, absolutamente de igual a igual.

Os Rohan eram de um ramo dessa categoria. Eles constituíam, com algumas outras famílias da alta nobreza francesa, um verdadeiro escalão intermediário entre a Família Real e o comum dos nobres da Corte.

No palácio deles em Paris ficam duas torres medievais pontudas, que estão em contraste com o estilo clássico.

Essas duas torres constituíam uma reminiscência do antigo palácio dos príncipes de Lorena.

Essa era uma família de príncipes muito séria e direita. Era o ramo francês da família de Lorena.

Tiveram muito poder na França, tinham feudos, tinham dinheiro, tinham alianças políticas muito poderosas, etc. Ali era o palácio deles, que foi derrubado para dar origem ao palácio dos Rohan.

Palácio clássico de Rohan-Soubise, Paris, castelos medievaisOs Rohan construíram este palácio de uma regularidade clássica (ao lado) muito distinta.

Conservaram, porém, duas torres do castelo dos príncipes de Lorena. Elas estão muito próximas uma da outra, e há uma sala que se espraia de uma torre para outra, formando uma só sala na base.

Os príncipes de Lorena [ou Guise] foram os líderes dos católicos na luta contra os protestantes nos tempos das guerras de religião. Quando tinham confabulações políticas importantes, muito secretas, que queriam que ninguém ouvisse, iam para essa sala aí.

Torres dos príncipes de Guise, Hôtel de Soubise, Paris, castelos medievaisAí eles fizeram as alianças católicas com Filipe II, para fazerem os tercios espanhóis entrarem na França e sapecarem as hordas protestantes como devia ser.

À ação deles se deve o fato dos protestantes não tomarem conta da França.

A família de Lorena – feitas as exceções ‒ formou uma Casa muito abençoada por Deus. Ela tinha no mais alto grau o charme.

Basta dizer que pertenciam a essa Casa duas rainhas célebres na História por seu charme único, e ao mesmo tempo por seu infortúnio sem nome: Maria Stuart, Rainha da Escócia, e Maria Antonieta, a última rainha da França do Ancien Régime, cruelmente decapitada pela Revolução Francesa.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira. Sem revisão do autor).


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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Torre de Belém: interior gótico austero e militar

Nau de pedra do tempo que o brasão português era respeitado
e temido em todos os oceanos
A Torre de Belém é um dos monumentos mais expressivos da alma portuguesa. Localiza-se na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém.

Inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, progressivamente foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra firme.

O monumento é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo inscrições de cruzes da Ordem de Cristo.

Tais características remetem à arquitetura típica de uma época em que Portugal era uma potência global.

Ela foi eleita como uma das Sete maravilhas de Portugal em 7 de julho de 2007.

Originalmente sob a invocação de São Vicente de Zaragoza, padroeiro da cidade de Lisboa, recebeu no século XVI o nome de Baluarte de São Vicente a par de Belém e por Baluarte do Restelo.

A Torre integrava o plano defensivo da barra do rio Tejo projetado à época de João II de Portugal (1481-95), integrado na margem direita do rio pelo Baluarte de Cascais e, na esquerda, pelo Baluarte da Caparica.

Fortaleza para controlar o Tejo
O cronista Garcia de Resende foi o autor do seu risco inicial, tendo registado:

“E assim mandou fazer então a (...) torre e baluarte de Caparica, defronte de Belém, em que estava muita e grande artilharia; e tinha ordenado de fazer uma forte fortaleza onde ora está a formosa torre de Belém, que el-Rei D. Manuel, que santa glória haja, mandou fazer; para que a fortaleza de uma parte e a torre da outra tolhessem a entrada do rio. A qual fortaleza eu por seu mandado debuxei, e com ele ordenei a sua vontade; e tinha já dada a capitania dela [a] Álvaro da Cunha, seu estribeiro-mor, e pessoa de que muito confiava; e porque el-Rei João faleceu, não houve tempo para se fazer” (RESENDE, Garcia de. Crónica de D. João II, 1545.).

A estrutura foi iniciada em 1514, sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), tendo como arquiteto Francisco de Arruda.

Teto da capela
Localizava-se sobre um afloramento rochoso nas águas do rio, e destinava-se a substituir a antiga nau artilhada, ancorada naquele trecho, de onde partiam as frotas para as Índias.

As suas obras ficaram a cargo de Diogo Boitaca, que, à época, também dirigia as obras do vizinho Mosteiro dos Jerónimos.

Concluída em 1520, foi seu primeiro alcaide Gaspar de Paiva, nomeado para a função no ano seguinte.

Com a evolução dos meios de ataque e defesa, a estrutura foi perdendo a sua função defensiva original.

Ao longo dos séculos foi utilizada como registo aduaneiro, posto de sinalização telegráfico e farol. Os seus paióis foram utilizados como masmorras para presos políticos durante o reinado de Filipe II de Espanha (1580-1598), e, mais tarde, por João IV de Portugal (1640-1656).

O Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, D. Sebastião de Matos de Noronha (1586-1641), por coligação à Espanha e fazendo frente a D. João IV, foi preso e mandado recluso para a Torre de Belém.

Canhoneiras para tiro rasante de artilharia
Sofreu várias reformas ao longo dos séculos, principalmente a do século XVIII que privilegiou as ameias, o varandim do baluarte, o nicho da Virgem, voltado para o rio, e o pequeno claustro.

A decoração exterior, adornada com cordas e nós esculpidas em pedra, galerias abertas, torres de vigia no estilo mourisco e ameias em forma de escudos decoradas com esferas armilares, a cruz da Ordem de Cristo e elementos naturalistas, como um rinoceronte, alusivos às navegações.

O interior gótico, por baixo do terraço, que serviu como armaria e prisão, é muito austero.

A sua estrutura compõe-se de dois elementos principais: a torre e o baluarte. Nos ângulos do terraço da torre e do baluarte, sobressaem guaritas cilíndricas coroadas por cúpulas de gomos, ricamente decorada em cantaria de pedra.

Nossa Senhora do Bom Sucesso
A torre quadrangular, de tradição medieval, eleva-se em cinco pavimentos acima do baluarte, a saber:

Primeiro pavimento - Sala do Governador.

Segundo pavimento - Sala dos Reis, com teto elíptico e fogão ornamentado com meias-esferas.

Terceiro pavimento - Sala de Audiências

Quarto pavimento - Capela

Quinto pavimento - Terraço da torre

A nave do baluarte poligonal, ventilada por um pequeno pátio fechado, abre 16 canhoneiras para tiro rasante de artilharia.

O terrapleno, guarnecido por ameias, constitui uma segunda linha de fogo, nele se localizando o santuário de Nossa Senhora do Bom Sucesso com o Menino, também conhecida como a Virgem do Restelo por “Virgem das Uvas”.




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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Torre de Belém: monumento de um guerreiro em prece — sério, forte e impassível


Ela é uma torre?

Sim, mas é quase um palácio em forma de torre cercada de um grande patamar, onde se notam guaritas nos ângulos para os vigias, que disparam armas de fogo contra inimigos que se aproximem.

A idéia de guerra está altamente presente nela.

Essa torre que se ergue assim sozinha no estuário do rio Tejo, tendo sobre si a abóbada celeste e mais nada, dá a impressão de considerar com uma superioridade natural tudo quanto está a seus pés.

Propriamente, ela é um reflexo simbólico da missão de Portugal do tempo em que foi construída.*

***

Portugal, o que era naquele tempo?

Uma pequena nação, é verdade, mas não diminuta em relação à Península Ibérica da época.

Durante toda a Idade Média, Portugal pesou como potência dentro do panorama ibérico.

Assim, essa torre simbolizava uma nação destinada a descobrir, conquistar, povoar, assimilar a seu espírito e à sua civilização povos de uma vastidão imensamente maior do que a sua.

Basta pensar no Brasil, em Angola, em Moçambique, para se compreender o que tudo isso representou enquanto territórios trazidos para a Cristandade. Mais ainda do que os países atraídos para a Cristandade, constitui-se o Brasil como numa página quase em branco, onde Nossa Senhora ainda venha escrever mais maravilhas no século XXI.

Um misterioso vento histórico pousou sobre a Torre de Belém, do alto da qual os reis e os grandes homens de Estado iam ver partir as esquadras lusas.

Ela simboliza um desígnio de Deus, simboliza uma missão. Ao pé dela poder-se-ia escrever: estátua de um guerreiro em prece — sério, forte e impassível.

Comparemo-la com um arranha-céu moderno. Suponhamos que alguém dissesse: "A torre aqui está ocupando inutilmente espaço. Podemos derrubá-la e jogar toda essa pedraria velha no fundo do Tejo e construir ali um prédio, o maior do mundo, com 200 andares!"

Eu nunca mais desejaria ver esse lugar, caso isso ocorresse.

Entretanto, se alguém mergulhasse até o fundo do estuário do rio e trouxesse uma das pedras dessa torre que fora derrubada, eu diria: "Dá-me uma lasquinha da pedra, para guardá-la e levá-la comigo para minha sepultura".

"Estátua de um guerreiro em prece — sério, forte e impassível"

* A Torre de Belém foi edificada no estuário do rio Tejo, em Lisboa, entre 1515 e 1520, no reinado de D. Manoel I. Ela impressiona pelo seu estilo gótico luso, cognominado manuelino.



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domingo, 20 de novembro de 2011

Natal num castelo da França ‒ O presépio e o salão católicos


« Gloire à Dieu au plus Haut des Cieux, Et paix sur la Terre au hommes de bonne volonté »

[“Glória a Deus nas alturas! E paz na Terra aos homens de boa vontade!”]

Em Belém, nenhum albergue abriu suas portas para a Sagrada Família.

E o Menino Jesus nasceu numa pobre gruta, aquecido pelo calor de um boi e de um asno.

Como reparação, no Natal de cada ano, salões franceses abrem suas portas ao Divino Menino, sua Santa Mãe e o Patriarca São José.

Veja vídeo
CLIQUE PARA VIDEO:
Natal num castelo da França
Em salões nobremente decorados, num ambiente penetrado pelo sorriso e cortesia, etiqueta e elegância, uma sociedade de salão apresenta-se diante de um presépio que não tem nada do salão.


Mas, o Menino-Deus está ali, Nossa Senhora e São José, príncipes da Casa de David, também.

O charme e a beleza, a graça e o encanto, homenageiam ao Rei dos Reis.

Visite nossas páginas dedicadas ao Natal.

Ó Jesus que tanto se humilhou por nós!

Ó Majestade Onipotente!

Ó criança tão pequenina e Rei tão poderoso, vinde reinar inteiramente sobre nós!

É um ato de submissão dos mais requintados salões da Terra, ao Divino Monarca que conquistou o Mundo deitado naquele simples presépio!

No Céu, a Corte dos anjos se rejubila juntamente com a Corte dos homens glorificando o Divino Menino Rei e Redentor.

Video: Natal num castelo da França



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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

As muralhas de Ávila: Hieraticidade, firmeza e vigor


As muralhas de Ávila, na Espanha, ostentam uma sinuosidade serpentiforme.

Delas não podemos dizer que apresentam um movimento sutil e com certo charme. As coisas que se esgueiram, normalmente têm charme.

Essas muralhas, entretanto, não manifestam charme, exibem sobretudo solidez.

Hieráticas, firmes, vigorosas como se fossem muralhas e torres no alto de um abismo.

Qual a razão disto? É claro que as numerosas pontas das ameias concorrem para causar essa impressão, bem como as várias torres salientes e firmes existentes na muralha.


Mas não é apenas isso. Há um imponderável, indefinível, que é o mesmo imponderável da segurança que revela o guerreiro, o qual é hierático mesmo quando assume atitudes que não são hieráticas.

Tão seguro da sua hieraticidade, que qualquer movimento seu exprime uma atitude inteiramente segura da própria dignidade.

É digno de nota não haver janelas nessas muralhas.

O que manifesta indiferença em relação ao lado de fora — uma característica nos monumentos espanhóis —, como quem diz:

"Eu sou e me proclamei para a eternidade. Vocês outros sabem o que sou, e o reconheçam; caso contrário, serão condenados.

"Se eu puder, coloco-os no cárcere; se não puder, Deus o fará, mas as nossas contas estão feitas para toda eternidade!"

Eis o que essas soberbas muralhas deixam subentendido.

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 7 de fevereiro de 1974. Sem revisão do autor.


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