segunda-feira, 14 de novembro de 2011
As muralhas de Ávila: Hieraticidade, firmeza e vigor
As muralhas de Ávila, na Espanha, ostentam uma sinuosidade serpentiforme.
Delas não podemos dizer que apresentam um movimento sutil e com certo charme. As coisas que se esgueiram, normalmente têm charme.
Essas muralhas, entretanto, não manifestam charme, exibem sobretudo solidez.
Hieráticas, firmes, vigorosas como se fossem muralhas e torres no alto de um abismo.
Qual a razão disto? É claro que as numerosas pontas das ameias concorrem para causar essa impressão, bem como as várias torres salientes e firmes existentes na muralha.
Mas não é apenas isso. Há um imponderável, indefinível, que é o mesmo imponderável da segurança que revela o guerreiro, o qual é hierático mesmo quando assume atitudes que não são hieráticas.
Tão seguro da sua hieraticidade, que qualquer movimento seu exprime uma atitude inteiramente segura da própria dignidade.
É digno de nota não haver janelas nessas muralhas.
O que manifesta indiferença em relação ao lado de fora — uma característica nos monumentos espanhóis —, como quem diz:
"Eu sou e me proclamei para a eternidade. Vocês outros sabem o que sou, e o reconheçam; caso contrário, serão condenados.
"Se eu puder, coloco-os no cárcere; se não puder, Deus o fará, mas as nossas contas estão feitas para toda eternidade!"
Eis o que essas soberbas muralhas deixam subentendido.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 7 de fevereiro de 1974. Sem revisão do autor.
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