domingo, 20 de novembro de 2011

Natal num castelo da França ‒ O presépio e o salão católicos


« Gloire à Dieu au plus Haut des Cieux, Et paix sur la Terre au hommes de bonne volonté »

[“Glória a Deus nas alturas! E paz na Terra aos homens de boa vontade!”]

Em Belém, nenhum albergue abriu suas portas para a Sagrada Família.

E o Menino Jesus nasceu numa pobre gruta, aquecido pelo calor de um boi e de um asno.

Como reparação, no Natal de cada ano, salões franceses abrem suas portas ao Divino Menino, sua Santa Mãe e o Patriarca São José.

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Natal num castelo da França
Em salões nobremente decorados, num ambiente penetrado pelo sorriso e cortesia, etiqueta e elegância, uma sociedade de salão apresenta-se diante de um presépio que não tem nada do salão.


Mas, o Menino-Deus está ali, Nossa Senhora e São José, príncipes da Casa de David, também.

O charme e a beleza, a graça e o encanto, homenageiam ao Rei dos Reis.

Visite nossas páginas dedicadas ao Natal.

Ó Jesus que tanto se humilhou por nós!

Ó Majestade Onipotente!

Ó criança tão pequenina e Rei tão poderoso, vinde reinar inteiramente sobre nós!

É um ato de submissão dos mais requintados salões da Terra, ao Divino Monarca que conquistou o Mundo deitado naquele simples presépio!

No Céu, a Corte dos anjos se rejubila juntamente com a Corte dos homens glorificando o Divino Menino Rei e Redentor.

Video: Natal num castelo da França



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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

As muralhas de Ávila: Hieraticidade, firmeza e vigor


As muralhas de Ávila, na Espanha, ostentam uma sinuosidade serpentiforme.

Delas não podemos dizer que apresentam um movimento sutil e com certo charme. As coisas que se esgueiram, normalmente têm charme.

Essas muralhas, entretanto, não manifestam charme, exibem sobretudo solidez.

Hieráticas, firmes, vigorosas como se fossem muralhas e torres no alto de um abismo.

Qual a razão disto? É claro que as numerosas pontas das ameias concorrem para causar essa impressão, bem como as várias torres salientes e firmes existentes na muralha.


Mas não é apenas isso. Há um imponderável, indefinível, que é o mesmo imponderável da segurança que revela o guerreiro, o qual é hierático mesmo quando assume atitudes que não são hieráticas.

Tão seguro da sua hieraticidade, que qualquer movimento seu exprime uma atitude inteiramente segura da própria dignidade.

É digno de nota não haver janelas nessas muralhas.

O que manifesta indiferença em relação ao lado de fora — uma característica nos monumentos espanhóis —, como quem diz:

"Eu sou e me proclamei para a eternidade. Vocês outros sabem o que sou, e o reconheçam; caso contrário, serão condenados.

"Se eu puder, coloco-os no cárcere; se não puder, Deus o fará, mas as nossas contas estão feitas para toda eternidade!"

Eis o que essas soberbas muralhas deixam subentendido.

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 7 de fevereiro de 1974. Sem revisão do autor.


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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O castelo de Chambord: harmonia misteriosa de força e delicadeza


Que maravilhoso conglomerado de torres! Quanta força! Quanta solidez!

Mas, ao mesmo tempo, o seu conjunto produz uma sensação de harmonia e delicadeza.

Há uma nobreza nesses tetos azulados que descem tão harmonicamente até a parte de cantaria de pedra, assim como algo de vigoroso nessas rochas agarradas ao chão, que parecem dizer: "Quem quiser me derrubar, se espatifa; quem quiser arrancar-me do solo tem que tirar o mundo dos seus próprios gonzos, porque eu sou uma torre do Castelo de Chambord e ninguém me tira daqui".

Que harmonia misteriosa nessa conexão entre a força e a delicadeza; entre o planejado do castelo e o espontâneo aparente da disposição das torres!

Como é belo ver qualidades antitéticas juntas.

Por que oferecem beleza especial as qualidades harmônicas opostas quando juntas?

Porque um dos princípios da beleza é o da unidade na variedade, que é a melhor imagem de Deus na criação natural e exprime uma das formas de perfeição que Deus pôs no Universo.


Portanto, deve ser uma das exigências da alma humana. Assim, o espírito humano tende a contemplar o que é uno, mas também o que é vário, diverso e movimentado.

Nesse castelo, há unidade na variedade. Contemplando-o, minha alma repousa e ao mesmo tempo se eleva até Deus.

Que beleza, que elegância, que distinção, que nobreza, que grandeza, que requinte! Como isso nunca se conseguiu a não ser na civilização cristã!

Como, ó Senhor Jesus Cristo, é fecundo Vosso sangue, pois, mil e quinhentos anos depois de Vossa morte, dele ainda nasce essa flor e desabrocha esse encanto!

Senhor Jesus Cristo, Vós sois a fonte de toda graça, de toda glória e de toda beleza. Eu Vos adoro!

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 10 de julho de 1972. Sem revisão do autor.

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Chambord no vale do rio Loire foi construído pelo rei Francisco I a partir de 1519, e é uma das obras-primas do estilo renascentista francês. Embora feito já na Renascença ele incorpora muito elementos essenciais dos estilos medievais.


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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A abadia fortaleza do Monte Saint-Michel reluz ao perfazer 1300 anos

Em 1º de maio, o santuário, abadia e fortaleza do Monte Saint-Michel comemora seus 1.300 anos.

Foi fundado no remoto ano de 708 sobre o monte Tombe, na Normandia, França.

Os festejos incluem mostras, concertos e colóquios.

A restauração dos prédios da mítica ilha-abadia e a recuperação do seu caráter insular exibirão grandes progressos para este aniversário.


Quando os prédios modernos atingem um certo número de anos ficam abandonados, sujos e decrépitos e só se pensa em demoli-los para fazer qualquer outra coisa em seu lugar.

inegável ação de presença do general em chefe das milícias celestes, o Arcanjo São MiguelMas os prédios medievais quanto mais antigos mais inspiram veneração e desejo de resguardá-los, ainda que custe muito dinheiro.

É que eles são portadores de uma coisa que não tem prezo: a bênção e a unção sobrenatural da Civilização Cristã.

Acrescida, no caso do monte-abadia, da inegável ação de presença do general em chefe das milícias celestes, o Arcanjo São Miguel.



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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A certeza na missão da nobreza e a supervivência dos castelos

Wissekerke, Belgica
Um outro fator de decadência dos castelos foi a perda de convicções na família nobre com respeito a sua missão histórica, ligada visceralmente à religião católica, a monarquia e a oposição aos fatores de desagregação moral e igualitários do mundo moderno.

Escreveu o já citado d’Ormesson:

A segurança que me envolvia inteiramente estava longe de ser a segurança social, resultante de um acordo entre homens. Eu estava literalmente entre as mãos de Deus.

Ele não estava morto e velava sobre mim e portanto nada podia acontecer-me, a não ser peripécias sem sérias conseqüências. Poderia morrer, naturalmente. E então?


O mérito e o talento não entravam em nosso sistema familiar, mas a morte entrava ‒ e muito bem ‒ pois os mortos exerciam na família um papel mais importante do que os vivos. Alem do mais, éramos cristãos.

Parece-me que naqueles tempos a morte nos causava menos horror do que hoje em dia. Ela não nos inquietava tanto. A morte, para um cristão, não é a finalidade da vida?

É com essa concepção, suponho, que o velho Eléazar partira para o Oriente, com uma cruz no peito; que nós nos tínhamos feito matar pelo rei e pelo papa nos campos de batalha ‒ lançado nossas cabeças, vazias de idéias mas carregadas de fé ‒ do pé dos cadafalsos.

Hargimont, Belgica
E com essa mesma concepção que meus tios reacionários e meus primos monarquistas encontraram a morte na África e na Ásia para maior glória de uma república detestada.

A alegria que tomava conta de mim ao contemplar os jardineiros varrer o pátio de château ou M. Machavoine em seu afã de dar corda nos relógios ou ao ler o jornal matutino ou L'Illustration que Antonin Magne ganhava o Tour de France, era uma alegria mística.

Os grandes acontecimentos despertavam em meu avô um suspiro: “Que época!”, pois ele via que os homens punham areia nas engrenagens de Deus.

Quanto aos pequenos acontecimentos, via-se que Deus prosseguia com seu plano. Deus abandonava a seu destino terrível os Lugares Santos, Jerusalém, Moscou, Constantinopla, Baden-Baden, Dauville, Paris e talvez até mesmo Roma cegada pelo modernismo.

Mas ele ainda cuidava bem de nosso château, dos jardineiros e seus jardins, dos relojoeiros e seus relógios.

Essa felicidade tão calma, essa certeza tão sólida era entretanto um pouco triste.

Utrecht
Quando me despertava, ninguém me sussurrava o que o valet de chambre do outro Saint-Simon lhe dizia: “Despertai, Monsieur le comte, pois tendes grandes coisas a fazer”.

Mas de que grandes aventuras poderíamos nós sonhar, visto que nossos antepassados e Deus tinham se encarregado de tudo?

Só tínhamos uma coisa a fazer: perturbar o menos possível o que restava dos tempos antigos. Mal ousávamos ler, falar, respirar, escutar.

Quem sabe se ao mexer não romperíamos mais um pouco o equilíbrio, hoje tão frágil em razão das más idéias que cresciam como urtigas?

Tratava-se de não se mexer, de não tocar em nada, tapar os ouvidos e os olhos, vigiar todos os cantos para salvaguardar a santa imobilidade da verdade, do belo e do bem.

(Fonte: Jean d'Ormesson, “Au plaisir de Dieu”, Ed. Gallimard, 1980, 626 páginas.)



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